Um verdadeiro clássico dos tempos de ouro dos arcades.
Saudades do glorioso tempo dos arcades. Aqueles bares lotados em pleno domingo tocando os maiores sucessos do Dicró e aquele cheiro forte de cigarro e urina no ar. Não posso esquecer das crianças que quando perdiam ameaçavam chamar seu primo ou irmão mais velho. Bons tempos. No meio das várias máquinas que tinham no bar onde eu jogava, uma em especial o pessoal tinha medo de chegar perto. Não por ser do gênero terror, mas sim pela forma como a CPU destruía em questão de segundos quem a desafiasse. Esse era Samurai Shodown.

Lançado em julho de 1993, o primeiro capítulo da série de duelos mortais da SNK está perto de completar seus 30 aninhos, e a melhor forma de comemorar esse aniversário é revisitando esse clássico que marcou a infância de muita gente.
Uma proposta autêntica
Samurai Shodown nasceu em uma época onde todo mundo queria ter seu próprio Street Fighter 2, tanto que surgiram muitas cópias descaradas do trabalho da Capcom. Uns eram até divertidos, mas a maioria era horrível. A SNK, que já tinha um grande reconhecimento no cenário da pancadaria virtual, decidiu criar algo mais autêntico, na temática e na gameplay.

Aqui, ao invés de caratecas, soldados da aeronáutica e wrestlers, temos verdadeiros guerreiros dispostos a lutar até a morte. Cada um tem em punho as suas armas, e que não estão lá só para dar mais alcance ou um diferencial visual. Cada ataque foi feito para mostrar que realmente um golpe de uma lâmina causa um grande estrago.
Seguindo o caminho da espada
A história de Samurai Shodown mistura alguns fatos com ficção. O grande vilão, Shinzo Amakusa, foi um jovem líder católico que sofreu grandes horrores nas mãos do xogunato. Relatos históricos dizem que antes de ser executado, ele disse que voltaria 100 anos depois para se vingar.

No jogo, antes de morrer, Amakusa fez um pacto com uma entidade maligna chamada Ambrosia, que lhe concedeu mais uma chance de viver, mas com a missão de trazer o seu novo mestre à terra dos humanos.
Os esforços de Amakusa para invocar Ambrosia causaram catástrofes pelo mundo. Isso acabou chamando a atenção de vários guerreiros de diversas partes do globo.

Naquela época, nós só queríamos bater no adversário e tentar acertar um combinho modesto. Era justamente por causa desse pensamento que todo mundo era humilhado. Samurai Shodown possui um foco muito forte no jogo neutro, onde ninguém tem a vantagem. Como em uma batalha até a morte, você deve ficar concentrado, observando cada movimento do adversário até encontrar uma brecha para atacar.
Um ponto importante em sua gameplay é que nem sempre o golpe de maior dano é a melhor opção. Os ataques mais fracos podem tirar pouca vida, mas eles têm o poder de manter o controle da luta inibindo uma investida do inimigo.

Resumindo. Samurai Shodown quer que você seja um guerreiro frio, que saiba gerenciar quais tipos de ataques vai usar. Até porque, ele não perdoa erros. Os golpes mais danosos costumam abrir uma brecha enorme. Com o alto poder de dano que todo personagem tem, uma simples punição levará uma porcentagem considerável da sua vida.
O principal tempero do combate é a barra de Rage, aquela com a palavra “POW”. No máximo, ela dá ainda mais poder ofensivo ao personagem, dando ao jogador a possibilidade de acabar com a luta em poucos segundos. Saber usar ela te garante boas viradas, mas o seu maior perigo é cair na euforia de querer estraçalhar seu oponente. É bom lembrar que basta uma mínima brecha para ser trucidado.

Como já citei na introdução, a sua dificuldade alta fez uma multidão se frustrar. A CPU aqui é uma sanguinária. Ela está sempre pronta para te obliterar. Eu sofri jogando quando era criança e também quando joguei recentemente. Mesmo que tenha um conhecimento avançado em jogos de luta, Ukiyo e Gen-An ainda vão te fazer bufar de raiva. Amakusa então… Esse sim é horripilante de enfrentar. Esse grau de desafio é uma marca registrada da SNK dos anos 90. Sempre pronta para te fazer colocar mais fichas.
Falando em características da SNK, dois pontos que a empresa dava show eram na criação de cenários e músicas, e em Samurai Shodown não foi diferente. Os estágios são muito detalhados e bem animados. Eles são de impressionar ainda hoje. Quero destacar o povoado cenário do Galford e o campo de batalha devastado pela guerra, onde enfrentamos Hanzo.

Mesmo sendo lindas obras de arte, os desenvolvedores exageraram em querer pôr objetos na camada à frente de onde acontecem as lutas. Visualmente é bonito e é até bem feito a forma como esses objetos são destruídos pelos golpes das lâminas, mas isso sacrifica a sua visão nesses trechos. Em um jogo tão punitivo, pôr um obstáculo visual é um crime. Isso atrapalha a calcular o alcance de um ataque e também nos impede de ver uma possível investida do oponente.
A maioria das músicas são incríveis. Elas ajudam a aumentar aquele clima de duelo mortal, em especial a do Hanzo, que faz você sentir o peso da luta. A da Nakoruru também merece destaque pela sua grande qualidade.

Veredito
Samurai Shodown é um jogo de luta espetacular, porém muito difícil por cobrar uma grande paciência do jogador e ter uma CPU com sangue nos olhos. Definitivamente ele não foi feito para os fracos. Quando você compreende como funciona a dinâmica das lutas as coisas ficam mais fáceis. O interessante é que esse ensinamento te ajuda a melhorar até em outros jogos do gênero. Se até hoje você nunca jogou, pode encontrá-lo na Samurai Shodown Neo Geo Collection, que foi lançada para quase todas as plataformas possíveis. Só não te garanto vida fácil.
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