Street Fighter x Tekken: o grande crossover que não deu nada certo
Conheça o fundo do poço da Capcom.
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Conheça o fundo do poço da Capcom.
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A grande crise dos jogos de luta 2D marcou um período de verdadeira escassez do gênero. Algumas franquias até migraram para o 3D, como Mortal Kombat, e outras fizeram experimentos, como The King of Fighters com Maximum Impact. Os tradicionais jogos de luta em duas dimensões geralmente apareciam em coletâneas. Houveram tentativas de ressuscitar a pancadaria bidimensional, porém sem sucesso. Até que a Capcom botou a cara a tapa e desenvolveu Street Fighter 4, aquele que guiou os jogos de luta 2D para a era moderna.
A empresa japonesa não perdeu a oportunidade e surfou com tudo na onda que ela mesmo criou. Além de várias atualizações para SF 4, ela investiu com tudo em crossovers. Assim nascendo: Marvel vs Capcom 3 e Tatsunoko vs Capcom, mas tudo indicava que seu próximo projeto marcaria a ressurreição de uma antiga franquia muito amada.
Os fãs de jogos de luta estavam em êxtase com um possível retorno de Darkstalkers. Yoshinori Ono disse em uma entrevista ao site Kotaku que desejava mais que tudo trazer Morrigan e outros monstros de volta, e durante a EVO de 2010, ele quase estragou a surpresa, mas resistiu bravamente.
Finalmente chegamos na Comic Con de 2010. Durante o painel da Capcom, Katsuhiro Harada, grande chefão de Tekken, invadiu a conferência e o inimaginável aconteceu. Street Fighter iria ganhar um crossover com Tekken, a maior franquia de jogos de luta 3D.
O que parecia ser um sonho, foi contaminado pelo período mais sombrio da Capcom. Para os mais novos que só conhecem a versão atual da empresa, que vem de sucesso atrás de sucesso e com uma boa comunicação com os fãs, sinto te dizer que antes as coisas não eram bem assim.
A Capcom da sétima geração de consoles equivale ao que seria a EA de algum tempo atrás. Ela foi protagonista de várias polêmicas envolvendo DLC, inclusive vendendo o final verdadeiro de Asura Wrath como conteúdo adicional. Nesse período, a empresa passou por grandes problemas financeiros graças a seus jogos problemáticos e suas práticas discutíveis.
Street Fighter x Tekken parece uma mistura de Street Fighter com Tekken Tag. O núcleo dos combos é justamente toda essa troca de personagens. Um dos recursos principais nas lutas são as odiadas gems. É aqui que as coisas começam a ficar mais sombrias. Cada uma dessas gems gera um benefício que é ativado quando você cumpre o seu requisito, como acertar duas rasteiras ou sair de um agarrão.
Parece até uma mecânica inofensiva, mas o grande ponto é que muitas delas foram vendidas como DLC. Não é o bastante para você? Tiveram gems vendidos como bônus de pré-venda, com direito a pacotes específicos para cada loja. A luz vermelha de alerta foi acesa, porém algo pior estava para ser revelado depois do lançamento.
O Xbox 360 foi um console muito popular, e aqui no Brasil ele conquistou o público pelo mesmo motivo que o PS2… Vamos apenas dizer que era muito fácil encontrar lojas com promoções imperdíveis. Com o jogo crackeado, os hackers descobriram algo ardiloso. A Capcom simplesmente colocou os personagens que seriam lançados como DLC dentro do disco. Como se a indignação por essa revelação já não fosse o bastante, algumas pessoas estavam usando esse personagens no modo online. Essa piada ficou ainda melhor quando a empresa declarou que fez isso para economizar espaço no HD dos consoles e que isso tornava o processo mais flexível.
Naquela época era até normal alguma empresa colocar um personagem exclusivo de uma versão como forma de marketing. Soul Calibur teve Kratos, Link, Spawn, Heihachi e vários outros. No caso de SFxT tiveram cinco exclusivos de PS3. Até entendo os gatinhos mascotes da PlayStation no Japão e Cole de Infamous, mas o Mega Man feio e Pac Man? Eles são os mascotes das duas empresas. Quem jogava no Xbox ficou na vontade, mas quem tem a versão “não oficial” de PC, pode desfrutar de todos os personagens, principalmente os exclusivos de PlayStation.
No meio dessa pilha de polêmicas mora um jogo até que divertido. Não dá para negar que é problemático, mas SFxT tem poder para te entreter por horas. Na primeira versão, quase todas as lutas de alto nível terminavam em time out, tanto que as partidas dos torneios eram longas e acabavam perdendo a graça com demora. Em 2013, a Capcom lançou uma atualização que corrigiu vários desses problemas. Com ajuste na regeneração de vida, diminui o número de lutas que terminavam com o soar do gongo, mas ainda era algo bem comum acontecer.
Por conta da imagem manchada, suas vendas foram menor que o esperado e acabou morrendo bem cedo para um jogo de luta da Capcom. Diferente de Ultra Street Fighter 4, é mais fácil encontrar um cachorro com asas de morcego do que alguém jogando SFxT online. Ainda sim, alguns pouquíssimos jogadores lutam para manter o seu legado vivo organizando partidas em servidores do discord.
História linda. Cheia de emoção, traição e mentiras. Roteiro digno de uma novela mexicana que passaria facilmente no SBT às 18:00. Porém, cadê o Tekken x Street Fighter? Ele foi anunciado junto com a versão da Capcom. Harada disse em seu canal que o projeto está na geladeira e 30% completo, e que está esperando o momento certo para o retomar com o desenvolvimento.
A verdade é que Street Fighter x Tekken foi o auge do mercenarismo da Capcom com jogos de luta. Eles estragaram uma obra bem divertido com a simples vontade de querer lucrar de forma suja em cima dos jogadores. Ainda bem que a empresa aprendeu a lição.
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