Vivemos em um período onde as empresas buscam criar jogos com mapas colossais recheados de atividades, histórias com dilemas filosóficos e campanhas que chegam quase a durar 100 horas. Essa sede por criar algo gigantes gerou debates entre pessoas ligadas à indústria sobre o alto custo de produção que essas obras têm. Em tempos passados, a única coisa cobrada para oferecer diversão aos jogadores era a qualidade.
Shinji Mikami, como um bom devoto da criatividade, começou um processo de mudança de imagem de seu estúdio, que era mais voltado ao terror. O primeiro fruto dessa renovação foi Hi-Fi Rush.
No ritmo da luta
O projeto dirigido por John Johanas surpreendeu a todos em dois pontos: o primeiro foi o fato dele ter sido anunciado e lançado no mesmo dia; já o segundo, foi sua simplicidade e um brilhantismo no estilo anos 2000.
Tudo começa com Chai, um inconsequente que se voluntariou a um projeto que o daria um braço robótico. Tudo corria muito bem até um Ipod cair em seu peito no meio do processo e acaba se fundindo ao seu corpo. A partir daí, o pseudo rockstar, é visto como um falha e passa a ser caçado pela corporação malvadona.
Só com isso já deu para ver que a história é bem leve. Somado com seu estilo de arte cartunesco e cheio de vida, ouso dizer que Hi-Fi Rush parece ser um desenho que passaria às 17h no antigo canal Jetix.

Deixando de lado o seu enredo e indo ao que interessa, ele é um hack and slash com elementos de ritmo. A parte musical não é nada vital no combate, pelo menos nos níveis mais fáceis. A recompensa por atacar na batida certa é um potencial de dano maior, isso sem contar o “batidão” que é um finalizador de combo que premia os mais sincronizados. Além de causar um bom dano, ele também te dá energia para usar golpes especiais que vão te ajudar muito em momentos difíceis.
Para encorpar ainda mais o combate temos os companheiros que podemos chamar a qualquer momento. Eles executam uma ação e somem. Esse recurso é essencial para estender combos e abrir a guarda de oponentes específicos.

O elemento rítmico torna as lutas uma espécie de coreografia, colaborando para cada confronto ser único. Tudo é tão bem feito que até os inimigos possuem seu próprio ritmo. E mais. Os seus golpes possuem uma cadência musical, fazendo com que o ato de aparar ataques seja ainda mais satisfatório.
O ganho de novas habilidades é como em qualquer hack and slash, na base dos pontos. Os ataques novos são até baratinhos, então quase sempre você terá algo novo no seu leque de ações. Essas novidades constantes ajudam a manter sempre ar fresco aos confrontos.
Tudo isso faz com que Hi-Fi Rush tenha um dos combates mais divertidos que já tive oportunidade de experimentar. Não falo só pelo sistema robusto, mas também por ele ser gratificante aos ouvidos. Eu me senti jogando um Guitar Hero no meio das lutas. É claro, isso acontece se você dominar os seus recursos. Toda essa energia empolgante é elevada nas batalhas contra os chefes. Elas são incríveis e memoráveis.

Mesmo a história não sendo a sua grande peça chave, ela possui personagens de apoio carismáticos e até tem uns diálogos engraçados. Os vilões não são muito marcantes em quesito personalidade, mas cumprem os seus papéis na hora do quebra-pal.
O estilo de arte cartoon ganha ainda mais brilho com cenários ricos em detalhes. Os mapas até são bem diversos, porém quem chama a atenção são os robozinhos que encontramos pelos cenários. São eles que possuem a maior carga de humor. Você ouve piadas sobre trabalho excessivo, romance proibido e muito mais.
Vale destacar também o incrível trabalho de dublagem em português. Ficou ótimo. A voz de nenhum personagem ficou devendo. Faço questão de deixar os meus parabéns para os dubladores responsáveis por esse ótimo trabalho.

Mesma ação sendo o grande ponto alto, ela acaba em alguns momentos para que os trechos de plataforma possam brilhar, porém, não são tão empolgantes. Eles não são ruins, pelo contrário. É divertido ter que prestar atenção na música para pegar o timing certo de pular em certo lugar, mas não é tão cativante quanto às partes de combate.
Hi-Fi Rush é um jogo bem curtinho, mas ele possui um bom end game. Além de retornar às fases para conseguir uma pontuação melhor, irão aparecer desafios secretos no maior estilo Devil May Cry para concluir. Um outro incentivo são as skins que podemos comprar com pontos para Chai e os aliados.
Veredito
Se tem uma palavra que define o novo projeto da Tango Gameworks é “capricho”. Ele é um jogo que você sente que foi feito com total carinho.
Sinceramente, foi uma experiência ótima. Ele é o tipo de jogo que a indústria precisa: simples e caprichado. Eu me diverti muito mais nessas poucas horas com Hi-Fi Rush do que nas quase 100 horas que gastei com Assassin’s Creed Valhalla.
Espero que não só a Microsoft, mas outras grandes empresas invistam em experiências mais criativas como essa.
Hi-Fi Rush está disponível para XBOX Series S/X e PC.
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