Uma obra além dos limites do universo.
Mass Effect é uma franquia já antiga no mercado, mas que demorei muitos anos para jogar. Ouvi de diversas pessoas que as aventuras do comandante Shepard na imensidão do espaço eram incríveis. Todas falavam com um grande amor e carinho e isso me enchia de curiosidade de ver se era realmente isso tudo.
A minha jornada começou de maneira meio tímida, porém conforme fui avançando, um forte amor acabou me tomando. A rima não foi proposital, mas realmente eu me apaixonei por essa franquia.
Nessa análise decidi abrir o meu humilde coração e relatar um pouco da minha primeira experiência com essa aventura espacial inigualável. É bom deixar claro aqui que a versão revisada foi a da coletânea remasterizada Legendary Edition.
Selo Bioware de qualidade
Mass Effect não é um jogo qualquer, ele foi concebido pelas mãos da lendária Bioware. O estúdio canadense fundado em 1995 pelos médicos recém-formados Ray Muzyka, Greg Zeschuk e Augustine Yip, junto de Trent Oster e seu irmão, Brent Oster, e o primo de Greg, Marcel Zeschuk.
Para quem não tem noção da importância que essa empresa tem, principalmente para os RPGs ocidentais, eles foram responsáveis pelo icônico Baldurs Gate, Jade Empire e Stars Wars: Knight of the Old Republic; isso sem mencionar Dragon Age.
Uma aventura além dos limites do espaço
Mass Effect é um shooter em terceira pessoa com fortes elementos de RPG. Os seus maiores pontos positivos são a sua história grandiosa, diversos personagens marcantes e oferecer uma grande liberdade narrativa.

O protagonista, comandante Shepard, pode ser customizado, mas se preferir, pode usar a versão padrão. Infelizmente essa parte de personalização se limita apenas ao rosto. A única mudança que pode ser feita no corpo todo é a cor da pele. Não existem opções mais elaboradas como estrutura corporal ou altura. Ainda sim, as ferramentas que temos à disposição são bem restritas; então dificilmente alguém vai conseguir recriar o Michael Jackson ou o Silvio Santos aqui.
Além da aparência, devemos escolher o passado e perfil psicológico do nosso personagem. O impacto dessas características não é tão marcante, porém interferem em alguns diálogos e existem algumas missões exclusivas para certos perfis.
Na parte do combate, a sua primeira e mais importante escolha é a sua classe; já que isso vai determinar as ferramentas disponíveis no campo de batalha. O que pode prejudicar algumas pessoas é o fato das informações fornecidas serem bem rasas. Para os iniciantes, é recomendado buscar um guia para evitar ter que seguir toda a campanha com uma classe indesejada, ou simplesmente começar tudo de novo.
Verdade seja dita: o combate com armas de fogo em Mass Effect é péssimo. Ele não se saiu nada bem como um shooter em terceira pessoa. A mira é horrível, os tiros não tem peso e o sistema de cover é deprimente. Isso tudo ficou ainda mais acentuado por eu ter jogado com a classe Soldier, que tem foco justamente na “trocação” de tiro. Você pode até usar uma coronhada, mas ela é tão ruim que chega a ser uma piada.

Para nos ajudar nos embates temos aliados que podemos escolher sempre antes das missões. A IA deles não é um poço de inteligência, em alguns momentos chegam se irritantes por atrapalhar em momentos mais frenéticos, mas eles conseguem ser úteis em alguma ocasiões e te ajudam a matar inimigos difíceis.
O que realmente dá importância aos seus companheiros nas batalhas são suas classes. Você tem total liberdade de escolher qual habilidade eles vão usar. Isso faz com que eles ganhem um forte peso estratégico; já que o resto do seu time pode complementar o seu personagem.
A minha melhor amiga nos momentos de aperto foi a tela de seleção de poderes. Esse recurso me ajudou a esfriar um pouco a ação e ver bem as posições dos inimigos e determinar quem eu e meus parceiros deveríamos focar. Essa ferramenta realmente salvou minha vida nos momentos de aperto.
Tanto Shepard, quanto seus aliados ganham níveis como em qualquer RPG. O lado bom é que todos eles evoluem juntos. Nada de fazer missões com companheiros X ou Y só para poder ganhar XP com eles. Isso ajuda a progressão na campanha ser mais fluida e te dá total liberdade de escolher qualquer um deles, sem medo de um ser muito mais fraco que o outro.
Somando tudo isso, podemos dizer que o combate geral de Mass Effect é funcional. Ele tem sim seus erros como shooter, porém tenho que admitir seus acertos na parte estratégica. No início pode até ser difícil acostumar com os confrontos, mas depois, com Shepard e seus companheiros com níveis de poder mais alto, fica até divertido.
Se a ação deixa um pouco a desejar, a ótima história sci-fi – que não fica para trás de grandes obras do gênero – compensa todos os problemas.
Um personagem que vale ser destacado é Saren, o grande vilão que já é apresentado no início. O traidor da Federação Galáctica está disposto a fazer tudo o que for preciso pelos seus ideais. Ele é basicamente uma versão sombria de Shepard. Mesmo não sendo um conceito tão original, os encontros entre os dois são marcantes, principalmente por conta desse choque de valores.
Você tem poder de decisão e elas têm consequências. É possível ser arrogante ou altruísta. A interface separa muito bem os tipos de resposta, com a boazinha em cima, a neutra no meio e a mais agressiva em baixo. Independente do seu nível de inglês, fica fácil decidir qual será o seu tipo de resposta, porém a EA devia ter pelo menos colocado os textos em português. Seria loucura dizer que não custa nada fazer isso – até porque localização não é de graça – mas bem que eles poderiam fazer esse investimento, já que a empresa gosta do nosso dinheiro.
É importante pensar bem antes de tomar uma decisão, até porque elas podem ter consequências em Mass Effect 2 e 3. Eu mesmo fiz algumas escolhas que só foi me arrepender no terceiro jogo.
O principal lugar social é sua nave. É lá que conversamos com a nossa tripulação e conhecemos cada um deles, e é justamente aí que Mass Effect brilha como uma supernova. Os personagens são densos, com ótimas motivações e histórias interessantes de se ouvir. Com isso é impossível não se afeiçoar a uma figura ou outra.

Caso queira ter um relacionamento afetivo mais “caliente” com algum aliado, dá até para iniciar um romance. Infelizmente isso não tem tanto impacto na história, mas ainda sim gera alguns detalhes interessantes.
Sobre a parte gráfica, o remaster está incrível. Não joguei o original, apenas vi alguns vídeos, mas a evolução visual é notável.
Com todo esse brilho condizente a atual geração, alguns detalhes acabam entregando a sua verdadeira idade, o principal deles são as expressões faciais engraçadas. Os mais afetados por conta dessa particularidade são os humanos, já nos alienígenas isso não chega a incomodar tanto.
Não tive muitos problemas com bugs. Os que presenciei foram os do tipo que apenas arrancam risadas e não interferem em nada na campanha. Teve uma missão que eu acabei entrando dentro de uma rocha; simplesmente saí e o jogo seguiu normalmente sem nenhum travamento.
Veredito
Mass Effect foi uma aventura espacial incrível. Ele possui uma história magnífica e conta com diversos personagens marcantes. Seu combate não é perfeito e possui problemas que até irrita, porém isso não consegue manchar beleza do pacote completo.
Se você é fã da temática sci-fi e nunca navegou na nave Normandy, provavelmente está perdendo o que pode ser uma de suas obras favoritas.
Mass Effect Legendary Edition está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Series S/X e PC
Já que leu até aqui, aproveite e conheça o nosso canal no Youtube. Lá estamos sempre comentando os principais acontecimentos do mundo dos jogos, trazendo conteúdos exclusivos e muito mais. Estamos também no Facebook e Twitter.
Precisando de um redator? Acabou de encontrar. Mande um direct lá no meu Twitter pessoal.