Review Gungrave G.O.R.E: Um jogo que não deveria existir
Confira a nossa review de Gungrave G.O.R.E
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Quando foi anunciado, Gungrave G.O.R.E chamou atenção de alguns jogadores, mas ele ganhou mesmo os holofotes quando foi comunicado que ele chegaria ao Game Pass logo no lançamento. Para quem não conhece Gungrave é uma franquia que nasceu nos gloriosos tempos do PS2, mas ela ficou durante um bom tempo na geladeira, recebendo só um port para VR em 2018.
Confesso que já tinha ouvido falar da franquia, mas nunca tinha jogado nenhum dos jogos anteriores. Essa foi a minha primeira vez controlando Grave em sua jornada e vou detalhar toda minha experiência de novato nesse mundo infectado pelo SEED nessa análise de Gungrave G.O.R.E.
Para os marinheiros de primeira viagem, e até mesmo os veteranos que não jogam os antigos há anos, existe uma opção de ver todos os acontecimentos anteriores, para não ficar perdido na história. Não é nada absurdo, simplesmente serve para contextualizar o tiroteio frenético contra hordas de inimigos.
O que reinou em mim neste período de preparação, antes de entrar efetivamente jogar, foi uma grande empolgação e uma forte curiosidade. Esperava combates rápidos e frenéticos que anulasse todo senso estratégico e te guiasse apenas pelo instinto. De certa forma, recebi o que esperava, mas não de um jeito positivo.
Gungrave G.O.R.E ele tem uma estrutura que lembra os jogos de PS2. A minha experiência nos primeiros minutos de jogo foi ótima, me senti garotinho em frente a TV na tarde de um domingo em 2007. O tempo foi passando, e toda essa empolgação deu lugar a um tédio.
O que torna um jogo de ação rápido bom, independente se for um FPS, hack and slash ou um shooter em terceira pessoa, é a variedade de recursos que é oferecido para acrescentar um ritmo novo a cada batalha contra hordas de inimigos. Às vezes adquirimos esses recursos em determinados trechos da campanha ou comprando ou adquirindo com pontos ou dinheiro.
Gungrave G.O.R.E ignora isso e não traz nenhum recurso que ajude a acrescentar ritmo aos confrontos, tornando a progressão sonolenta.
Existe sim uma lojinha de habilidades e melhorias. É possível comprar alguns poderes, finalizadores para golpes físicos, mas nada consegue quebrar a mesmice dos confrontos.
Ele funciona em uma estrutura de fases separado em capítulos. Cada capítulo representa um local. Seu objetivo é acabar com uma horda, avançar até determinado ponto até aparecer outra. Nada de caminhos secretos ou itens escondidos.
É uma quantidade absurda de inimigos que aparecem ao mesmo tempo na tela te atirando lançando bombas, e acabamos tendo que reagir a isso com uma péssima mobilidade para se esquivar e revidar. Eu sei que parece exagero essa comparação, mas Doom Eternal te põe contra vários inimigos ao mesmo tempo, porém o que torna o jogo da ID Software divertido é o fato de termos uma boa mobilidade para estar sempre executando uma ação, isso sem contar as diversas armas disponíveis.
Em Gungrave, a mobilidade é vergonhosa. Chega ser uma piada um jogo onde devemos encarar hordas gigantescas de inimigos, o personagem que controlamos ter um caminhar lento, um pulo medíocre e uma esquiva pesada.
Uma outra piada de mal gosto é o tiro carregado. Ele é péssimo! Você deve segurar o botão de tiro até as armas de Grave ficarem incandescentes. O problema é que só pode carregar um tiro se sair um disparo antes. Se apertar o botão de golpe físico e segurar o botão de disparo, diferente de Mega Man e diversos outros jogos antigos que possuem mecânicas semelhantes, ele simplesmente não carrega. Lembre-se que estamos falando de um jogo muito movimentado, onde estamos sempre executando uma ação.
Esse tiro carregado é essencial contra inimigos com escudo e ótimo para dar dano em um grupo de inimigos. Esse é um dos principais recursos que você terá durante os confrontos, e o jogo simplesmente impõem várias barreiras no seu uso.
Mísseis podem ser rebatidos apertando o botão B/X. O problema é que não se pode cancelar a animação de disparo nessa habilidade. Em meio a grandes tiroteios, será preciso calcular bem para apertar o botão no timing certo. Isso contribui para quebrar ainda mais o dinamismo das batalhas, que já não é bom.
Como se já não bastasse, o golpe físico é usado apontando o analógico para direção escolhida + B/X. Durante os confrontos intensos é normal acabar jogando o analógico para frente ao tentar rebater um rojão, assim não rebatendo nada e levando dano, e consequentemente ficando alguns frames completamente indefesos na frente de vários inimigos. Os controles de PS4/5 e Xbox One/Series possuem 12 botões (tirando o start/back, share/options e o home), os desenvolvedores vão e aprontam essa para cima dos jogadores.
Tudo isso torna Gungrave G.O.R.E um jogo difícil e frustrante. Ele tenta cobrar agilidade de quem está jogando, mas oferece péssimos recursos. Vou usar novamente Doom Eternal como exemplo. Ele é um jogo difícil que exige muita habilidade do jogador, mas ele oferece os recursos necessários e reparte tudo isso de forma inteligente no seu controle. Já Gungrave G.O.R.E parece que foi feito por iniciantes que só adicionaram o que acharam legal no jogo e pronto.
Tudo é uma enorme bagunça nesse jogo, ele é um desastre. Cada fase parece uma tortura repetitiva sem fim. Nem mesmo os cenários ajudam, a divisão por capítulos só serve como desculpa para poder criar vários locais parecidos. E para piorar, as vezes as músicas acabam no meio dos confrontos, só ficando o som do ambiente e das criaturas.
Verdade seja dita. Os gráficos de Gungrave G.O.R.E são muito bonitos. Os modelos de personagem também são bem feitos, mas deixo o aviso aqui. Não joguem dublado em japonês, as cutscenes viram um show de horrores. Simplesmente não existe sincronia labial.
Não tive muitos problemas com bug, mas teve uma batalha contra dois chefes em que um acabou ficando preso na parede.
Gungrave G.O.R.E foi uma experiência péssima. Nunca imaginei que ele seria tão ruim assim. Ele parece um jogo amador sem o mínimo de capricho na gameplay, mas seus gráficos são muito bonitos. A primeira impressão até que é boa, mas a coisa só vai piorando no decorrer da campanha.
Esse é um caso de franquia que poderia ter ficado no passado se beneficiando das boas lembranças dos fãs. Infelizmente o estrago já foi feito.
Gungrave G.O.R.E está disponível para PC, Xbox One, Series S/X, PS4 e PS5